À Argentina e além

Saí de Cabreúva num domingo de manhã, acabei adiantando em um dia a partida para fazer uma visita de última hora, na verdade duas, meu querido primo Olavo e família e as Cataratas de Foz do Iguaçu.

Deixei o pessoal no sítio, que estava reunido para uma despedida privada em família, e fui. E aliás, foi uma delícia ter os 3 irmãos reunidos, não é sempre que isso tem acontecido. A primeira pernada foi de uns 550 km até Iepê onde fui recebido por um belo churrasco e a famosa costela do Olavo. O cafezinho, que era o motivo da parada, acabou durando um pouco mais e saí só no dia seguinte. Foram 24 energizantes horas que passei por lá e não poderia ser diferente, Iepê sempre foi um lugar especial para mim.

No dia seguinte cheguei à cidade de Foz do Iguaçu, pernoitei por lá em um hostel e só fui às cataratas no dia seguinte já do lado hermano. É simplesmente enorme e indescritível, o volume de água, agora com especial menção ao El Niño, é surprendente, é um verdadeiro mar em queda livre. Uma experiência única que eu não tinha ideia da proporção antes de visitar.

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Após alguns banhos forçados rumei a San Ignácio onde iria visitar uma das muitas ruínas Guarani-Jesuiticas espalhadas pelo país. Foram cerca de 250 km que já serviram para deixar evidente que a polícia rodoviária Argentina não tava lá para brincadeira, fui parado 3 vezes até chegar no meu destino. São aqueles postinhos na beira da estrada que no Brasil são meio abandonados, pois é, aqui não são. Não tive nenhum problema em nenhum dos controles, alguns querem ver a documentação outros dão uma geral no carro mas sempre sem problema.

No hostel eu conheci um alemão que estava, pela segunda vez, viajando pelo mundo de bike. Ele já estava há 4 anos na estrada e faria o sentido inverso do meu, rumando para São Paulo e depois para o Rio onde ia pegar um navio para a África. Esse aqui é o site dele. Infelizmente ele estava no hostel por mais tempo que o planejado porque a sua bicicleta foi roubada, entraram pela cerca do hostel e pegaram a bike que estava acorrentada do lado de fora.

San Ignacio Mini

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As ruinas sao incríveis, são de uma cidade que chegou a ter 4 mil habitantes entre índios guarani e jesuitas e tinha uma organização bastante europeia, com a cidade toda planejada e bem dividida e uma catedral no mesmo formato das que encontramos pelo velho continente. Eu fiquei impressionado com o tamanho e a organização. Eu tive sorte porque quando cheguei estava começando um passeio guiado e foi muito bom conhecer um pouco mais de uma história que pouco conhecemos ou sequer damos importância.

 
Saí da cidade na hora do almoço, louco pra comer em algum restaurante na beira de estrada. Já tinha visto nos dias anteriores que havia algumas churrascarias tenedor libre pelo caminho. Encontrei uma com alguns carros estacionados e já entrei também. Começou que a placa de 90 pesos (23 R$) era somente para o Buffet e com churrasco seria 135 (34 R$). Até aí tudo bem, sentei e já levantei pra atacar o buffet com riquissimas empanadas de carne, batatinhas assadas e arroz sem gosto. Sento de novo e eis que vem a primeira carne, não entendi direito o que a moça falou, olhei pra ela e falei beleza, vamos lá… Quando a carne deitou no meu prato já vi que estava meio estranho e depois de analizar melhor, acabo descobrindo o que era: chinchulin. Nem pensei duas vezes, coloquei no prato do lado e tentei esquecer o episódio pelo resto do almoço. A conclusão é: a churrascaria de beira de estrada na Argentina foi bem parelha com as do Brasil, com a diferença que tem alguns miúdos a mais no cardápio.

 
Continuei dirigindo rumo ao Sul e depois de algumas horas comecei a procurar um lugar para dormir. A paisagem ia mudando com o tempo, se lá em Missiones era tudo verde e úmido em Corrientes começou a ficar desértico. Entrei em uma cidadezinha e não fui com a cara, na verdade um pueblito minúsculo. Continuo e decido arriscar novamente em Yapeyu, saí da estrada e dirigi por 5km até chegar ao portal, era um pueblo pequeno também às margens do rio Uruguay. Lá tinham 3 hoteis, fiz uma ronda e fui ver o preço dos 3, começou com 400 pesos e acabei ficando em um por 300. Era uma cabaña às margens do rio Uruguay, comprei queijo, pão e vinho em um mercado local, dei uma mergulho no rio e fiquei por lá descansando e curtindo a paz.

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Rio que me banhou e pintou o cenário do meu jantar e café da manhã

Eis que na manhã seguinte saio para conhecer a cidade e me dou de cara com um prédio todo imponente, meio que uma casa estilo colonial no meio do povoado. Era a casa em que nasceu San Martin, pai da pátria e libertador das Américas. Na região de Corrientes as cidades que conheci ao longo da estrada tinham sempre bonitas casas antigas abandonadas, é como se as cidades passaram o seu momento de florescimento e agora estão perdidas no tempo, esse é um tópico ainda a ser estudado.

Casa que nasceu San Martin

Casa em que nasceu San Martin

Arco Trunco em homenagem aos caídos na guerra de Malvinas

Arco Trunco, homenagem aos caídos na guerra das Malvinas (cobertura da casa de San Martin ao fundo)

Saio de Yapeyu e deixo Corrientes rumo a Paraná, cidade da província de Entre Rios (Paraná e Uruguay). Chego no final da tarde sem a certeza se tinha entrado na cidade ou em um banho turco, o calor e a umidade davam um ar de litoral do Brasil no pico do verão. Passeio um pouco pelo calçadã e descubro a cidade vazia por causa da cheia do rio, normalmente cheia na temporada pelas praias do rio, elas agora estavam alagadas desde Dezembro. Dizem as más línguas que por culpa do Brasil que abriu uma certa comporta, mas vamos culpar o El Niño por essa.

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À noite, queijo, pão e vinho no hostel  e um quarto que era extensão da sauna.

Dia seguinte saio em direção a San Luis, não com o objetivo de chegar até lá, afinal de contas eram 700 km de viagem, mas essa deveria ser a última parada antes da San Rafael. Como planejamento nunca foi o meu forte às 11 horas da noite chego em San Luis e no melhor hostel que eu fiquei aqui na Argentina. A cidade já era bem próxima do meu destino final e acho que é mais fresca por natureza o que me ajudou a dormir confortavelmente pelas próximas noites. Acabo ficando 3 dias na cidade, saindo com um pessoal buena onda que conheci, descansando antes de começar a labuta rural e curtindo os meus último momentos de wifi.

Foi por lá que eu fui na minha primeira autêntica parrillada. Fui atraído pelo som que um pessoal tava fazendo na sala do hostel e depois almoçar me juntei a eles. Depois de umas duas horas de música Argentina e algumas cervecitas, rolou um convite expresso para um churrasco e eu com a minha característica posição de “porque não?” me encontrei em La Punta um horas mais tarde em uma chácara no meio do deserto e ao pé da serra. Fui extremamente bem acolhido pela família do Marco e comi um delicioso churrasco de Vazio e Falda com Salada.

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Apesar de ficar 3 dias em San Luis conheci pouco do que a cidade tem a oferecer, passei mais tempo tentando me organizar antes de me desconectar. A cidade ficou com uma estrela marcada no mapa para as viagens futuras.

E no dia 15 de Fevereiro saí para San Rafael. Já acumulei milhares de histórias e descobertas que vou tentar escrever durante essa semana. É um ambiente extremamente acolhedor inserido em uma comunidade também com o mesmo perfil. A fazenda se chama La Rosendo, esse da esquerda é o Alejandro que, junto com a Virginia, nos provém exelente comida, ótimos vinhos e já começam a provocar reflexões.

Argentina 158

 

 

 

 

 

2 thoughts on “À Argentina e além

  1. Jessica

    Poxa eu Estou tão Feliz em ler você e saber das suas andanças… Faço isso aqui do “barquinho”, também em
    Movimento, sempre mais partindo que chegando. Seus relatos só me faz ter mais vontade de te reencontrar pra verbalizar essas nossas Idas e Vindas. Continue escrevendo. Continue Vivendo. 🙂

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