Um mês e meio passou e eu saí da La Rosendo. Vivi esse período em um lugar com costumes muito diferentes e com uma filosofia bastante diferente também. Eu conheci a Finca ainda no ano passado quando estava buscando por um lugar para aprender e trabalhar. Encontrei e escolhi a La Rosendo, naquela época mal sabia eu como a escolha fora certa.
Aprendi muito por lá e estou cada vez mais seguro que é impossível buscar alguma coisa ficando parado no mesmo lugar cercado de tudo o que você já conhece. Talvez mais ainda quando se busca algo que não se sabe bem o que é. Nesse ponto, o vinho acabou funcionando como um motivador, que me levou para um lugar onde eu pude ir muito mais além do que simplesmente aprender sobre vinhedos e vinificação.
Fizemos cerveja do zero, malteamos e torramos a cevada plantada e colhida no ano anterior, colhemos o lúpulo também. Cozinhamos, fermentamos e engarrafamos uma cerveja não só e produzida, mas plantada lá também. Pra não dizer que tudo veio da Finca, a levedura foi comprada (e esse já é um ponto a ser melhorado para as próximas cervejas).
Mendoza e San Rafael é uma região com bastante produção de frutas e se faz um milhão de coisas para aproveitar tudo e das mais diferentes formas. Sempre há um jeito para guardar o que a natureza está oferecendo, seja na forma de suco, compota, picles, doce, frutas secas ou sei lá o que, o limite é a imaginação. Isso vai desde o suco de uva, passando pela farinha de vinho e chegando até doce o de tomate. Quando se come uma geleia, por exemplo, não é simplesmente uma fruta com açúcar, a geleia nada mais é do que uma maneira de guardar a fruta para se comer fora da época. E assim tentar plantar e respeitar as estações do ano, afinal de contas, me parece um tanto estranho ter todas frutas o ano todo no supermercado.
O vinhedo é incrível. Tudo é feito da forma mais natural possível, sem químicos e com pouquíssima intervenção do homem, como que depositando toda a confiança na planta e ela que se vire. O resultado é um uva que chega à prensa do mesmo jeito que a gente gostaria de comer em casa, limpa e pura, e eu agora sei bem dessa importância. Aquele “branquinho” que fica na pele da uva, nada mais é do que a levedura que vai fazer a fermentação. Lava-se a uva, lava-se também a levedura, ou seja, qualquer porcaria que esteja na plantação, vai acabar parando também no seu copo. Optar por vinhos orgânicos não é nada mal.
Enfim, cerveja, frutas, vinho, sucos, refeições, amigos, trabalho, tudo era feito com muito respeito e proximidade ao meio ambiente. E aí também entramos nós, respeito à natureza é respeito ao homem. Assim como produzíamos alimentos seguindo um pouco da filosofia do biodinamismo, nas nossas atitudes também temos que ser mais verdadeiros e coerentes com a nossa natureza. Lá a nossa a nossa rotina era simples e fazíamos o que tinha que ser feito, mas sempre respeitando os recursos e respeitando o nosso tempo. Ensinamento que tento agora levar para a vida.
Algumas fotos mais…
O poético lúpulo
Adorei o texto!! Muito interessante ouvir sobre tudo que é semeado, colhido e no final produzido. E o chuveiro parece delicioso 😉
Hi, from sunny Atlanta. It looks like you have found your niche. I will share your site with my daughter’s boyfriend. He has a tiny apartment and brews his own beer. The pictures are great!
Érico, sensacional essa experiência….li tudo também….rssss…e foi bem mais rico ter lido agora, depois de tudo o que falamos ontem. Vá em frente, voe, brilhe e seja muito feliz. Vou acompanhar cada detalhe dessa história, com uma imensa torcida por você.