Depois das 3 semanas de estágio com o Stephan na queijaria em Heggelbachhof na Alemanha, eu agora mudei de país, de altitude e de trabalho. Estou na Suíça com a família Von Siebenthal, estamos morando em um Alp, que é como os Suíços chamam as casas nos Alpes, e durante os próximos dois meses eu não vou mais só fazer queijo como também cuidar do gado, tirar leite e o que mais aparecer pela frente.
Trabalhar em um Alp no verão é uma tradição bem forte na Suíça. A ideia de forma bem geral é que quando a neve derrete nas montanhas, o gado que passa o inverno na parte mais baixa dos vales, vem para as altas altitudes aproveitar as pastagens daqui. Nosso Alp se chama Reusch-Olden e na verdade são dois Alps diferentes. Passamos as primeiras 5 semanas em Reusch a 1400 metros de altitude, depois subimos para Olden a 1800 metros por mais algumas semanas antes de voltar para Reusch para encerrar verão.
Nossa casa aqui em Reusch é toda construída somente com madeira e acreditem se quiser (pra mim é difícil acreditar) ela foi construída em 1794. Eu durmo no sótão logo abaixo do telhado, as paredes aqui do meu quarto são de lascas de pinho, eu tenho só uma janelinha de 20 por 20, mas com uma vista fenomenal. Para chegar aqui tenho que baixar uma escada e acessar pela cozinha. Não tem conforto moderno nenhum e é simplesmente uma delícia.
Na parte de baixo fica a cozinha, o quarto, a despensa e a copa/sala. Por uma portinha na cozinha também se pode acessar o estábulo antigo. A casa é uma delícia, eu adoro as refeições na sala com o sol entrando pelas janelas ou com a salamandra acessa durante a noite. Do lado de fora fica o banheiro e o estábulo moderno construído no ano passado, tiramos leite de 32 vacas 2 vezes por dia. Por enquanto ainda estamos levando o leite para a queijaria em Gstaad e só quando subirmos para Olden é que vamos também fazer o queijo.
Chegamos aqui no dia 13, viemos a pé tocando o gado pelas estradinhas, interrompendo o trânsito, passando por entre as casas e até pelo meio de uma vila que fica no caminho, Gsteig. Saímos às 6 da manhã depois de tirar o leite, embelezar as damas e deixar tudo pronto. Todas as vacas aqui levam um sino no pescoço e quando veem para o Alp elas vestem o seu sino de gala, um sino enorme que acorda todo mundo para ver a banda passar.
Estou ainda me acostumando com a nova casa e nova família, mas tudo indica que vai correr bem, serão dois meses de trabalho intenso e de retiro. Já estou acumulando muitas outras histórias, talvez não tão glamourosas que conto outro dia.
Caralho, Eridog. Que massa esse processo que vc está passando. Achei animal de ponta a ponta: o motivo, o local, a vista, a rotina.
Boa sorte, meu velho!
Abração,
Lagarto
Fala Baratinha! Bom ouvir de você e valeu pelas palavras, qq hora ainda discutiremos o assunto ao sabor de uma bela jola.
Abração!!
Nossa!!! Fico imaginando todas essas experiências pela qual vc está passando. Que coisa rica!!! Você terá histórias para contar para o resto da sua vida!!!
Boa sorte nessa nova etapa.
Beijos!!!
Já fiquei uma vez em um Alp (só por um fim-de-semana) e sei bem como é rústico e frio (bbrrrrrr…). Um lugar super romantico e com uma vista linda como a sua, mas eu estava feliz que eram só dois dias 😉
O nosso quarto também era o do sótão e tinhamos que subir por uma escada minúscula e super ingreme. O problema era quando dava aquela vontade de ir ao banheiro no meio da noite e eu sofria só de pensar em sair debaixo das cobertas e descer aquela escadinha de beliche para entrar naquela banheiro também gelado (e o nosso era dentro da casa).
Vocês tem gerador para a energia elétrica? Rola água quente para o banho?
Uma super aventura tocando o gado para o Alp. Aqui quando as vacas descem recebem um tratamento de beleza e sem enfeitadas não só com o sino de gala mas também com coroas de flores. É uma festa…
É, ir ao banheiro é um drama, ainda mais porque o meu fica fora e ainda mais ainda porque ele ganhou portas só essa semana até então era open air. Mas eu to tentando administrar a ingestão de líquidos antes do sono. Energia elétrica temos e ajuda bem pra fazer um chazinho, um café ou um mate, costume que eu trouxe da La Rosendo. O banho é no quarto do leite onde fica o boiler, isso quando sobra água quente depois da limpeza de todo o equipamento, mas de novo, a vista torna o banho uma delícia também 🙂
Opa!
Muito, muito legal e inspirador, Érico!
foi o primeiro relato que eu li.
vou ler e saborear todos 😉
abração!